Valter Campanato/Agência Brasil |
"Ela está estarrecida com a falta de compromisso dos
clubes brasileiros em relação a salários. A presidente não imaginava que
existisse no Brasil, o país do futebol, tantos clubes com salários atrasados”,
afirmou Ruy Bueno Neto, atualmente sem time, que jogou dez anos na série A
antes de se “deparar com a realidade do futebol brasileiro” [fora da elite], na
qual, dos últimos nove meses trabalhados, recebeu por apenas três.
Segundo Alex, meio-campo do Coritiba e que já atuou pela
seleção, Dilma teve essa reação pois não conhecia, até o momento, a situação.
“Ela se mostrou estarrecida com o que ouviu, porque de repente não tinha esse
conhecimento, principalmente com a Justiça do Trabalho, onde muitas vezes os
jogadores recorrem e demoram muito tempo para ter os valores a que têm direito
recebidos”, disse.
Os atletas concentraram suas demandas no compromisso para
que seja aprovada a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) do Esporte e para que
se amplie a participação dos atletas nas decisões dos clubes. Segundo o secretário
nacional do Futebol do Ministério do Esporte, Antônio do Nascimento Filho, um
grupo de trabalho deve ser criado, com a participação do ministério, para que
sejam propostas medidas sobre essas e outras questões “o mais rápido possível”.
Segundo os atletas, esse grupo também pretende criar o Plano Nacional de
Desenvolvimento do Futebol.
Sobre a LRF, o objetivo, segundo Nascimento Filho, é
fortalecer o pagamento de salários na elaboração da lei. “Tentar direcionar o
pagamento dos clubes, já que devem ao governo, para que o pagamento de salários
atrasados tenham uma certa prioridade”, disse o secretário. Além de comemorar o
encontro com a presidenta e demonstrar otimismo com as discussões, os atletas
disseram que podem voltar a promover atos como os que organizaram durante o
Campeonato Brasileiro de 2013.
“O pensamento nosso sempre foi de diálogo. Se não ocorrer
nenhuma mudança no cenário nacional especificamente para esses atletas de menor
porte, com certeza vamos fazer alguma coisa de importante, mas isso só depois
da Copa”, afirmou Dida, goleiro do Internacional e campeão mundial de futebol
em 2002.
A respeito do Mundial, os jogadores afirmaram que o único
ponto discutido no encontro com Dilma foi a violência entre as torcidas, que,
segundo Alex, poderia ser facilitada por causa do formato e da estrutura de
alguns dos estádios construídos para a Copa. “Ela realmente se mostra
preocupada com a situação, para que a gente evite isso, diminua [a violência].
Principalmente para que cenas como aquela que a gente viu não se repitam”,
disse, em referência à morte de um torcedor após ser atingido por um vaso
sanitário durante jogo entre o Sport e o Santa Cruz, pela série B do
Brasileirão, no início deste mês.
Agência Brasil
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