O assunto é polêmico e divide opiniões em São Leopoldo, principalmente entre torcedores, sócios e conselheiros do Aimoré. Mas, após a eliminação na Copa FGF, a triste realidade da terceira divisão do futebol gaúcho em 2012 voltou a bater na porta e a discussão sobre a venda de pelo menos algums áreas ociosas do Estádio Cristo Rei ganhou força novamente. E isso especialmente quando o conselheiro Dagoberto Goulart colocou no papel uma ideia para estancar as dívidas e tentar fazer do monumental um estádio moderno e autossustentável.
Conforme Goulart, que mora no mesmo bairro, o estádio está localizado em
uma das áreas mais nobres da cidade. Com mais de quatro hectares e um valor
estimado em mais de R$ 20 milhões, é um verdadeiro desperdício o local estar
com 70% da sua área ociosa. “Precisamos fazer alguma coisa para tentar salvar o
nosso clube. Muito se falou, mas pouco se fez até agora. Então, resolvi colocar
no papel uma ideia. Não é a final, longe disso, mas é a primeira vez que
conseguimos visualizar alguma coisa’’, comentou o conselheiro, que também é
presidente da Confraria Índio Capilé.
Nesse projeto, o Aimoré venderia apenas algumas partes do estádio, pois
Goulart ressalta que não adiantaria mudar de local e não ter dinheiro para se
sustentar mensalmente. “Não adianta vendermos tudo. Certamente o problema
retornaria. Precisamos é encontrar uma saída para nos mantermos no dia a dia.
Por isso, um condomínio seria melhor saída.’’
>>> Condomínios
Goulart pediu ao arquiteto Arci Rodrigues para fazer o esboço do que
pensa. Pelo projeto, seriam construídas seis torres e mais algumas quitinetes.
Duas de cada lado na entrada do estádio, duas no canto esquerdo da geral e as
quitinetes no barranco. O conselheiro explica que uma das receitas mensais do
clube poderia vir dos condomínios. Ele afirma ainda que já há construtoras
interessadas no negócio. “Demos o primeiro passo. Há muito o que se fazer e
discutir dentro do conselho. Importante é trazer o assunto para pauta. A partir
daí com certeza surgirão novas ideias’’, esclarece.
Grupo de trabalho
Outro conselheiro que está envolvido na mudança é Felipe Becker. Filho
de presidente e voz forte no vestiário, Becker já pensa em sair do futebol e
comandar um grupo de trabalho para tentar tirar o Aimoré do buraco. “Temos que
pensar grande. E isso passa pelo nosso patrimônio. Está claro que não dá para
continuarmos pedindo dinheiro de porta em porta. Já passou da hora de
começarmos a caminharmos sozinhos’’, afirmou Becker.
Opinião dos presidentes
Para os presidentes do clube e do conselho, Márcio Picoli e Luís Antônio
Castro, o assunto é polêmico e requer muito cuidado. Picoli diz que a ideia não
é ruim, mas sugere cautela e prefere trabalhar com a realidade. “Hoje nossa
realidade é o Cristo Rei. Não há qualquer tipo de proposta. Claro que se alguém
chegar e propor construir um novo estádio e sobrar milhões na conta, aí sim não
pensaríamos duas vezes. Porém, não existe a menor hipótese de vendermos o
patrimônio.’’
Situação
Castro também concorda com o presidente, mas vai além. “Primeiro temos
que fazer um planejamento estratégico para saber a verdadeira realidade
financeira do clube. Por enquanto não sabemos quanto devemos e para quem
devemos. Essa é minha análise principal. Não abro mão disso. Não temos como dar
o primeiro passo se não sabermos em que situação estamos’’, explicou o
presidente do conselho, em tom preocupado. Castro diz que mudar seria apenas
transferir o problema, pois o Aimoré precisa de uma receita mensal de R$ 100
mil. “Temos que profissionalizar o clube. Mudar por mudar é simples. Temos na
Unisinos os melhores profissionais da área de arquitetura. Na cidade também há
excelentes profissionais, porém o Aimoré precisa movimentar seu marketing. Uma
empresa que busque o dinheiro. Não importa o quanto eles irão ganhar em cima do
clube, temos pensar que se eles ganharem estaremos lucrando.’’
Juliano Palinha - Jornal VS
Nenhum comentário:
Postar um comentário