quinta-feira, novembro 03, 2011

Aimoré estuda vender algumas áreas do estádio Cristo Rei.


      O assunto é polêmico e divide opiniões em São Leopoldo, principalmente entre torcedores, sócios e conselheiros do Aimoré. Mas, após a eliminação na Copa FGF, a triste realidade da terceira divisão do futebol gaúcho em 2012 voltou a bater na porta e a discussão sobre a venda de pelo menos algums áreas ociosas do Estádio Cristo Rei ganhou força novamente. E isso especialmente quando o conselheiro Dagoberto Goulart colocou no papel uma ideia para estancar as dívidas e tentar fazer do monumental um estádio moderno e autossustentável.
      Conforme Goulart, que mora no mesmo bairro, o estádio está localizado em uma das áreas mais nobres da cidade. Com mais de quatro hectares e um valor estimado em mais de R$ 20 milhões, é um verdadeiro desperdício o local estar com 70% da sua área ociosa. “Precisamos fazer alguma coisa para tentar salvar o nosso clube. Muito se falou, mas pouco se fez até agora. Então, resolvi colocar no papel uma ideia. Não é a final, longe disso, mas é a primeira vez que conseguimos visualizar alguma coisa’’, comentou o conselheiro, que também é presidente da Confraria Índio Capilé.
      Nesse projeto, o Aimoré venderia apenas algumas partes do estádio, pois Goulart ressalta que não adiantaria mudar de local e não ter dinheiro para se sustentar mensalmente. “Não adianta vendermos tudo. Certamente o problema retornaria. Precisamos é encontrar uma saída para nos mantermos no dia a dia. Por isso, um condomínio seria melhor saída.’’

>>> Condomínios
     Goulart pediu ao arquiteto Arci Rodrigues para fazer o esboço do que pensa. Pelo projeto, seriam construídas seis torres e mais algumas quitinetes. Duas de cada lado na entrada do estádio, duas no canto esquerdo da geral e as quitinetes no barranco. O conselheiro explica que uma das receitas mensais do clube poderia vir dos condomínios. Ele afirma ainda que já há construtoras interessadas no negócio. “Demos o primeiro passo. Há muito o que se fazer e discutir dentro do conselho. Importante é trazer o assunto para pauta. A partir daí com certeza surgirão novas ideias’’, esclarece.

Grupo de trabalho 
     Outro conselheiro que está envolvido na mudança é Felipe Becker. Filho de presidente e voz forte no vestiário, Becker já pensa em sair do futebol e comandar um grupo de trabalho para tentar tirar o Aimoré do buraco. “Temos que pensar grande. E isso passa pelo nosso patrimônio. Está claro que não dá para continuarmos pedindo dinheiro de porta em porta. Já passou da hora de começarmos a caminharmos sozinhos’’, afirmou Becker.

Opinião dos presidentes
     Para os presidentes do clube e do conselho, Márcio Picoli e Luís Antônio Castro, o assunto é polêmico e requer muito cuidado. Picoli diz que a ideia não é ruim, mas sugere cautela e prefere trabalhar com a realidade. “Hoje nossa realidade é o Cristo Rei. Não há qualquer tipo de proposta. Claro que se alguém chegar e propor construir um novo estádio e sobrar milhões na conta, aí sim não pensaríamos duas vezes. Porém, não existe a menor hipótese de vendermos o patrimônio.’’

Situação
    Castro também concorda com o presidente, mas vai além. “Primeiro temos que fazer um planejamento estratégico para saber a verdadeira realidade financeira do clube. Por enquanto não sabemos quanto devemos e para quem devemos. Essa é minha análise principal. Não abro mão disso. Não temos como dar o primeiro passo se não sabermos em que situação estamos’’, explicou o presidente do conselho, em tom preocupado. Castro diz que mudar seria apenas transferir o problema, pois o Aimoré precisa de uma receita mensal de R$ 100 mil. “Temos que profissionalizar o clube. Mudar por mudar é simples. Temos na Unisinos os melhores profissionais da área de arquitetura. Na cidade também há excelentes profissionais, porém o Aimoré precisa movimentar seu marketing. Uma empresa que busque o dinheiro. Não importa o quanto eles irão ganhar em cima do clube, temos pensar que se eles ganharem estaremos lucrando.’’
Juliano Palinha - Jornal VS

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