Dias atrás recebi o convite para escrever uma coluna para o site Peleia, material esse a ser divulgado mensalmente. Mesmo sabendo que a arte de escrever não é algo fácil de ser desenvolvido aceitei o desafio e aqui estou. Desde já agradeço a confiança e espero que possa transmitir um pouco da maneira que vejo o nosso futebol, e principalmente minha vivência e opinião profissional. Também aproveito a oportunidade para esclarecer que foi mera obra do acaso, haver dois Tiago Nunes, com mesma grafia de nome, naturais da mesma cidade (Santa Maria) e ligados ao meio esportivo. Um técnico de futebol e outro Jornalista, mas que muitas vezes foram confundidos, gerando muitas dúvidas.
Nessa minha primeira coluna, gostaria de fazer uma reflexão
ao novo formato que foi adotado na divisão de acesso, também conhecida com
série A2 do campeonato gaúcho de futebol profissional, mudança essa que pode alterar o rumo e quem sabe a geografia
da elite do nosso futebol. Não faço crítica a mudança, mas sim tento elencar
algumas constatações que me parecem pertinentes.
No ano de 2013 se deu inicio a um novo formato de competição
na divisão de acesso, uma competição mais curta, mais intensa, com menos jogos
e maiores chances de conquista. Esse modelo de competição surpreendeu a muitos
clubes e profissionais, inclusive ao que vos escreve. Mesmo sabendo que a nova
competição iria exigir um nível de concentração maior, fomos pegos de surpresa
por alguns fatores que fogem ao controle da maioria dos envolvidos.
Nos anos anteriores sempre se elegeu categoricamente 5 ou 6
equipes que tinham condições reais de subir, sendo que normalmente se
confirmava, com algumas exceções, mas na média geral as equipes que brigavam
eram as eleitas anteriormente.
Acredito que o ano de 2013 será um divisor de águas no
processo de renovação da série A do campeonato gaúcho, pois a partir de agora
qualquer prognóstico inicial não terá valor nenhum e equipes menos tradicionais
ou com menor estrutura irão frequentar a divisão de elite do nosso futebol
(fato esse que particularmente eu acho muito bom).
Em anos anteriores com maior número de jogos, haviam dois
fatores determinantes para que um equipe pudesse sobreviver até o final,
primeiro era o tempo de recuperação para equipes que iniciavam mal a
competição, podendo haver uma fase de diagnóstico e correção, o outro fator era
a importância de um grupo de atletas
maior, pois quanto mais jogos, maior era a necessidade de peças de
reposição, fazendo naturalmente com que as equipes com menor investimento
ficassem pelo caminho, ou equipes que faziam uma primeira e segunda fase muito
boas, fossem eliminadas na terceira, nem chegando as finais.
Exemplo disso que escrevo é que se fossemos levar em
consideração as 8 primeiras rodadas dos anos anteriores (Pois a nova primeira
fase tem 8 jogos) teríamos equipes diferentes brigando pelo acesso, acompanhe:
Em 2012 o quadrangular final foi disputado por União, Passo
Fundo, Esportivo, Guarany-CM. Se a fórmula desse ano estivesse em vigor,
teríamos Guarany-CM, Brasil-Pel, Ser Panambi, Esportivo.
Em 2011 o quadrangular final foi disputado por Avenida, Cerâmica, Brasil-FA e Juventus. Se fosse levado em consideração os 8 primeiros jogos teríamos Juventus, Avenida, Rio Grande e 14 de Julho. Equipes essas que somaram mais pontos na coleta geral, mas ainda poderiam figurar nessa contagem o Esportivo, Brasil-FA, Glória e Santo Angelo. Equipes que ficaram com boa pontuação dentro de seus respectivos grupos.
Em 2011 o quadrangular final foi disputado por Avenida, Cerâmica, Brasil-FA e Juventus. Se fosse levado em consideração os 8 primeiros jogos teríamos Juventus, Avenida, Rio Grande e 14 de Julho. Equipes essas que somaram mais pontos na coleta geral, mas ainda poderiam figurar nessa contagem o Esportivo, Brasil-FA, Glória e Santo Angelo. Equipes que ficaram com boa pontuação dentro de seus respectivos grupos.
Se imaginarmos que as equipes classificadas entre as 4
finalistas fossem disputar jogos no estilo mata-mata e levando em consideração
os fatores locais que são importantes nesse processo de disputa, hoje
poderíamos ter figurando na série A equipes como o 14 de Julho e Rio Grande,
equipes essas que infelizmente hoje figuram na terceira divisão.
Imagina-se que com menos jogos, a facilidade de se chegar a
série A aumentou, mas particularmente acredito que tecnicamente se nivelou a
competição por baixo, sendo que outros fatores se tornam mais relevantes dentro
desse sistema de disputa, como imposição anímica, nível de concentração e
arbitragem. Certamente a competição se tornou muito mais emocionante e gera
expectativas de busca pelo acesso em todas as equipes.
Parabéns ao São Paulo de Rio Grande que soube jogar essa
nova competição com maestria, tirando proveito do novo regulamento e
conquistando seu merecido lugar na elite do nosso futebol.
Fica a dica para os próximos anos, onde todos tem chance
real de acesso, basta entender o espírito da competição, e principalmente saber
jogar com o regulamento em baixo do braço.
Tiago Nunes
Técnico de Futebol
CREF- 010161-G/RS
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