domingo, junho 23, 2013

Coluna: Velocidade no Futebol


        A velocidade é uma das capacidades mais importantes do Futebol. Esta capacidade motora deve ser vista como componente parcial das exigências complexas necessárias para o futebol. Para o desenvolvimento completo desta valência, é necessário uma combinação de fatores técnicos, coordenativos e fisiológicos. Outro detalhe que nunca podemos deixar passar despercebido é que força e velocidade são componentes que se interagem completamente. Alguns fatores também devem ser levados em consideração para a organização do treinamento: posicionamento, nível de treinabilidade, nível de adaptação, ações técnicas, numero de sprints em suas varias distâncias, distâncias parcial e total. Uma forma de desenvolvimento desta capacidade é através de mini jogos, neste treinamento temos muitas manifestações de velocidade e suas sub divisões. Os métodos de treinamento também seguem o princípio da especificidade e basicamente essa ordem metodológica de trabalho: velocidade de reação, aceleração e resistência de velocidade de forma exclusivamente cíclica. O bom desenvolvimento das manifestações de força, assim como todos os exercícios coordenativos, está diretamente associado ao desenvolvimento da velocidade.

Conceito de Velocidade:
“É a rapidez com que um corpo se desloca. Depende, portanto, de duas variáveis: do espaço percorrido (e) e do tempo (t) necessário para percorrê-lo.”
V= e/t

“Do ponto de vista desportivo, a velocidade representa a capacidade de um sujeito para realizar ações motoras em um mínimo de tempo e com o máximo de eficácia”
(Manso, et al., 1998).

“O incremento da velocidade por unidade de tempo é o que se denomina aceleração.”
a = Δv/ Δt

As manifestação de velocidade são as seguintes:

Velocidade de percepção: Perceber as situações do jogo e modificá-las o mais rápido possível, muitas vezes mesmo sem tocar na bola.

Velocidade de antecipação: Capacidade de adiantar-se ao movimento do adversário ou do desenvolvimento do jogo.

Velocidade de decisão: Algumas jogadas não são realizadas não por falta de habilidade, mas sim por falta de decisão. Isso mostra que não é suficiente somente perceber algo, mas sim decidir rapidamente e objetivamente a jogada.

Velocidade de reação: Fintar, reagir às fintas, saídas rápidas em espaços vazios, recuperar bolas mal passadas, bolas que desviam, etc.

Velocidade de movimento sem bola (cíclico e acíclico): Deslocamentos repetidos em aceleração em espaços amplos para busca de melhor posicionamento, ou movimentos em pequenos espaços e ações isoladas com fintas,etc.

Velocidade de ação com bola: Inclui os componentes coordenativos e técnicos do futebol. Essa manifestação de velocidade tem por base a percepção, antecipação, decisão e reação.

Velocidade de habilidade: É a forma mais complexa da manifestação da velocidade. Não é definida somente pelas ações energéticas e musculares, pois para exercer a habilidade no esporte necessitamos de raciocínio técnico, ou seja, compreensão do jogo. As distâncias percorridas: quantificação e qualificação Detectar os espaços percorridos durante uma partida se tornou algo bastante simples.

Fatores Determinantes da Velocidade:
Área 1:
Aptidão, fatores de desenvolvimento da aprendizagem:
Sexo
Idade
Talento
Técnica esportiva
Movimento, Antecipação

Área 2:
Fatores sensórios cognitivos e psicológicos:
Concentração
Processamento, controle e regulação das informações
Motivação
Capacidade volitiva

Área 3:
Fatores neurais:
Coordenação intramuscular
Coordenação intermuscular

Área 4:
Fatores músculo-tendinosos
Distribuição do tipo de fibra
Diâmetro de cada fibra
Velocidade de contração
Elasticidade dos músculos e tendões
Em resposta ao treinamento específico para as atividades que exigem um alto nível do metabolismo anaeróbio, faz com que este sofra muitas alterações (adaptações) especificas no sistema de alta energia. E ainda as alterações decorrentes do treinamento anaeróbio, ocasionam nenhum aumento concomitante com as funções aeróbias. As principais alterações ocasionadas pelo treinamento de potência segundo são:

Mecanismos adaptativos do treinamento da Velocidade
Aumento da velocidade de condução do potencial de ação (Stein, 2000);
Aumento na sincronização das unidades motoras pela velocidade aumentada da propagação do potencial de ação (Stein, 2000);
Aumento dos substratos energéticos ATP, PCr e glicogênio muscular e hepático;
Aumento na atividade das enzimas da via glicolítica (Stein,2000; Ross e Leveritt, 2001);
Capacidade de recuperação rápida entre esforços pelos aumentos de substratos energéticos (Glaister,2005);
Aumento na atividade da isoformas de miosina de cadeia pesada das fibras tipo II (Ross e Leveritt, 2001);
Capacidade de suportar altos níveis de acidose (H+) durante treinos e competições
Melhora dos níveis de concentração em treinamentos e competições;
Aumento do volume do retículo sarcoplasmático (Ross e Leveritt, 2001);
Melhora da velocidade de liberação do Ca+2 pela cisterna terminal (Ross e Leveritt, 2001);
Aumento na área de secção transversa das fibras tipo II (Trappe, 2000).

Mecanismos da fadiga no treinamento da velocidade
Desajuste entre velocidade que o músculo utiliza ATP e velocidade que ele pode ser suprido;
Acúmulo de ADP causado pela diminuição da fosfocreatina;
Depleção da fosfocreatina e queda na taxa de hidrólise do glicogênio;
Aumento na concentração elevada de íons H+ ;
Queda na velocidade de condução do potencial de ação;
Queda na velocidade de retorno do Ca+2 para a cisterna terminal;
Acúmulo de Pi no meio intracelular.

Orientações fisiológicas e metodológicas para o treinamento da velocidade (melhora na recuperação)
Realizar o treinamento da velocidade sempre em estado de total ausência de fadiga e no início da sessão de treinamento (para utilizar fontes de ATP-PC das fibras tipo II );
O treinamento da velocidade só é efetivo quando realizado em ritmo máximo, da-se ênfase a intensidade e não ao volume (assimilação do SNC);
O início do surgimento da fadiga (diminuição do rendimento) é o sinal para o encerramento do treino da velocidade;
No treinamento de velocidade e de força rápida deve-se observar a correta correlação entre sobrecarga e recuperação de ATP-PC das fibras rápidas;
Não realizar nenhum treinamento de velocidade com grande volume no dia antes da competição;
Em equipes com duas unidades de treinamentos diárias, não deve ser realizado nenhum treinamento intensivo da velocidade se no período da manhã já se treinou de forma intensiva;
Importante dar-se ênfase ao treinamento de resistência de força e força máxima como base para o treinamento da velocidade;
Não se deve treinar a velocidade até a exaustão, ao invés disso é necessário garantir um alto grau de qualidade nos movimentos;
O atleta necessita estar completamente regenerado antes do início do treinamento e, em alguns casos, isso não ocorrerá até que se passem 48 a 72 horas após a última sessão de treinamento de velocidade
O período de recuperação entre as séries e repetições devem ser suficientes para recuperação do sistema nervoso e PCr para que a próxima série possa ser realizada com máxima intensidade;
A duração da sobrecarga para atletas de elite deve ser de 8 a 10 segundos, enquanto que para atletas mais jovens é de 6 segundos, isso se deve a experiência de treinamento e desenvolvimento da via anaeróbia;
Segundo Hollman & Hettinger (1980), o tempo de reação simples somente pode ser melhorado em torno de 10 a 18%, enquanto o tempo de reação discriminativo, pode ser melhorado entre 10 a 40%.

Resumo: as adaptações ao treinamento da velocidade são claramente dependentes da duração do estímulo, recuperação entre repetições, volume total e freqüência semanal de treino. Estas variáveis tem mostrado efeitos metabólicos, estrutural e adaptações na performance dependendo claramente da duração da periodização para esta valência física e também do seu tempo de destreinamento em função dos períodos do planejamento da periodização.

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