No futebol as lesões mais comuns acometem os membros
inferiores (70-80%) sendo que a maioria envolvem as articulações do joelho,
tornozelo e a musculatura da coxa. A maior parte destas lesões ocorrem durante
os jogos e quando realizada uma estimativa baseada nos dados existentes
atualmente conclui-se que cada jogador apresentará, em média, uma lesão
relacionada ao futebol por ano.
Os tipos mais comuns de lesões do esporte são os
entorses, estiramentos e contusões. A maioria das lesões são de origem
traumática, sendo que aproximadamente 20% (vinte por cento) destas são
atribuídas a jogadas faltosas ocorridas durante o jogo.
Em uma análise dos prontuários médicos de oito times
profissionais, ortopedistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
constataram que as lesões por choque entre jogadores (as chamadas contusões)
representaram apenas 24,1%, contra 39,2% de lesões musculares, 17,9% de torções
e 13,4% de tendinites. Além disso, o estudo apontou que 72,2% das lesões
ocorreram em membros inferiores, com predomínio na coxa (34,5%), no tornozelo
(17,6%) e no joelho (11,8%).
Os tipo de lesões mais comuns no futebol são as
seguintes:
Extremidade Superior
As lesões da extremidade superior em atletas praticantes
de futebol são menos comuns que as dos membros inferiores. Estas lesões quando
presentes geralmente não são responsáveis pelo afastamento dos atletas ou
quando isto ocorre, o tiram da prática esportiva por um intervalo de tempo
geralmente menor quando comparada com as lesões das extremidades inferiores. As
lesões da extremidade superior envolvem, predominantemente, os goleiros.
Cabeça e Face
As lesões envolvendo a cabeça são, sem dúvida, as mais
preocupantes existentes neste esporte.
A concussão é o tipo de lesão mais comum entre as lesões
envolvendo a cabeça. Esta lesão muita das vezes é de difícil reconhecimento e
por isso acredita-se que seja subdiagnosticada no futebol.
Esta é caracterizada por amnésia ou confusão na
presença ou ausência de perda de consciência. Sintomas podem incluir dor de
cabeça, irritabilidade, fadiga, perda de memória e concentração.
Estas lesões podem ocorrer através de trauma da cabeça
contra a bola, solo, trave ou contato com outro atleta.
Um estudo com atletas profissionais de futebol do sexo
masculino mostrou que 89% destes atletas relataram algum tipo de trauma na
cabeça durante a prática esportiva e 54% destes possuíam história prévia de
concussão.
Outras lesões na cabeça menos comuns, mas não menos
graves, são os hematomas epidurais e subdurais.
Lesões na face geralmente correspondem a lacerações,
abrasões e contusões.
As lesões oculares geralmente não são graves. Hemorragia
retinal e vítrea, abrasão da córnea e lesões retinais já foram descritas em
atletas de futebol.
A utilização de protetores bucais podem reduzir o risco
de lesões dentárias, particularmente em goleiros.
Ombro
As lesões do ombro no futebol são relativamente infrequentes
e geralmente são resultado de colisão com o solo ou outro atleta. As
articulações acrômio-clavicular e glenoumeral são as mais acometidas. Luxações
do ombro após redução devem ser tratadas com cautela com o objetivo de evitar
luxações recidivantes desta articulação. Estas lesões parecem ser mais
frequentes em goleiros, sendo que muitos destes acabam necessitando de
tratamento cirúrgico para correção da instabilidade articular.
Extremidade Inferior
As lesões dos membros inferiores são as mais frequentes
no futebol e são responsáveis por aproximadamente 40% de todas as lesões do
futebol. Acometem preponderantemente os membros inferiores sendo mais comuns em
músculos biarticulares como tríceps sural, isquiotibiais e quadríceps.
Estas lesões são classificadas de acordo com a gravidade
em:
• Leve ou grau I: menos de 5% das fibras acometidas. Não
há perda da função.
• Moderada ou grau II: 5 a 50% das fibras acometidas.
Presença de gap palpável.
• Grave ou grau III: mais de 50% das fibras acometidas.
Paciente com perda funcional e gap muscular visível.
O diagnóstico geralmente não é difícil, sendo o maior
desafio localizado na prevenção e tratamento destas lesões.
O tratamento e o tempo de afastamento dos atletas variam
de acordo com o grau e característica da lesão. No entanto, a imensa maioria
das lesões apresenta tratamento não cirúrgico. Na fase aguda, o tratamento
consiste no protocolo PRICE (Proteção, Repouso, Gelo, Compressão e Elevação do
membro acometido). Também é muito comum as contraturas musculares, ocorre
quando o músculo contrai-se de maneira incorreta e não volta ao seu estado
normal de relaxamento. Isso pode acontecer após um exercício muito forte ou
quando um indivíduo está muito tenso, vivendo situações de estresse e cheio de
preocupações.
A contratura pode ser sentida quando coloca-se a mãos
sobre o músculo e nota-se uma parte mais dolorida e dura como se fosse uma
bolinha ou um nódulo.
Lesões na Coxa:
As lesões musculares são as mais comuns em
jogadores de futebol. Os músculos mais atingidos são o reto femural e os
adutores na parte interna da coxa. O principal músculo utilizado no chute é o
quadríceps, mas os adutores também sofrem a carga do chute. Devido ao grande
numero de sprints realizados pelos jogadores de futebol e outros movimentos de intensidade
máxima como: saltos, arranques, mudanças de direções entre outros os músculos
posteriores são as principais vitimas.
Lesões na Panturilha:
É formada por três músculos que compõe o tríceps sural: O
soleo e os dois gêmeos ou (gastrôcnemio), que são os mais afetados por lesões.
Para os jogadores este músculo é muito importante pois auxilia na propulsão,
impulsão e velocidade de deslocamentos.
Lesões de Púbis:
O local aonde o músculo adutor se encontra com o púbis
(parte de baixo da bacia) é um dos mais sobrecarregados no futebol. O púbis
esta localizado entre dois músculos: o adutor e o músculo abdominal.
Enquanto os adutores (músculos utilizado nos chutes)
puxam a bacia para baixo. Os músculos abdominais a puxam para cima. Isso
promove um atrito no osso que causa uma inflamação. É um tipo de (tendinite)
Joelho
O joelho é uma articulação do corpo que possuem
ligamentos e cartilagens para estabilizar os movimentos amortecer os impactos.
As lesões agudas do joelho no futebol geralmente são
resultantes de movimentos rotacionais da articulação com o pé preso no solo.
Estas lesões podem envolver estruturas como ligamentos
(Ligamento Cruzado Anterior, Ligamento Colateral Medial, etc), cartilagem e
meniscos. Após a lesão, o atleta cursa normalmente com edema, derrame
articular, dor e eventualmente com travamento e/ou falseio na articulação.
Após exame clínico minucioso, exames complementares
(Radiografias, Ressonância Magnética) podem ser solicitados para confirmação
diagnóstica e eventual programação de cirurgia.
O tempo de afastamento do futebol varia de acordo com a
estrutura lesada e a modalidade de tratamento realizada, podendo chegar até a 6
a 9 meses para retorno ao esporte.
Fraturas de tíbia não são incomuns neste esporte. O
mecanismo de lesão pode corresponder a um movimento de rotação de baixa energia
ou até mesmo a um trauma direto sobre o membro. O uso de caneleiras protetoras
é obrigatório no esporte e é útil na prevenção destas fraturas a medida que
proporcionam uma dissipação das forças diminuindo a magnitude do impacto
recebido na região.
Outras afecções menos comuns envolvendo o joelho do
jogador de futebol são oriundas de traumas repetitivos (overuse) como a
tendinite patelar, tendinite da pata de ganso e síndrome do trato iliotibial.
Tornozelo
Os tornozelos são articulações que conectam as duas
principais partes de um jogador de futebol as pernas e os pés. A estabilidade
dos tornozelos é alcançada por meios dos ligamentos.
O entorse de tornozelo é a lesão mais frequente no
tornozelo de jogadores de futebol. O mecanismo de lesão geralmente ocorre com
inversão do tornozelo e lesão das estruturas ligamentares laterais. A gravidade
da lesão depende do número de ligamentos envolvidos e do grau de
comprometimento dos mesmos. Lesões associadas como fraturas, lesões da
cartilagem articular e da sindesmose devem ser investigadas e excluídas.
Outras lesões envolvendo esta articulação em atletas de
futebol são as tendinites que podem acometer os tendões fibulares, tendão do
músculo tibial posterior, tendão calcâneo entre outros.
As rupturas do tendão calcâneo em jogadores de futebol
geralmente são resultados de processos crônicos degenerativos com tendinite
crônica e tendinose.
Já a Síndrome do Impacto do tornozelo ocorre em jogadores
de futebol como resultado da tração anterior e impacto posterior durante os
chutes. Osteófitos tibiotalares são frequentemente vistos em radiografias do
tornozelo de jogadores de futebol, normalmente não apresentando representação
clínica. Normalmente estes atletas não apresentam queixas, porém estes traumas
de repetição podem levar a uma dor crônica no tornozelo.
Canela
Contusões a canela atingem principalmente a tíbia, o
maior dos dois ossos que formam a perna (parte entre o joelho e o tornozelo).
Há ainda lesões de sobrecargas as principais são as tendinites como inflamação
do tendão patelar e do tendão de Aquiles.
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