quinta-feira, agosto 01, 2013

Lisca completa um ano no comando do Juventude

Foto: Arthur Dallegrave.
          O futebol moderno se constituiu em um cenário de absoluta instabilidade, para todos os envolvidos. Jogadores já não criam tanta identificação com cores e símbolos, dirigentes mudam periodicamente e treinadores sofrem com resultados ou fases adversas.
           Valoriza-se, portanto, quando um profissional cria uma identificação que ultrapassa as questões financeiras, as adversidades e os momentos difíceis. Luiz Carlos Cirne de Lorenzi, o Lisca, treinador do Esporte Clube Juventude, está completando neste dia 30 de julho de 2013, um ano como técnico do time principal.
           Desde que chegou, tem conseguido junto ao grupo de jogadores e aos demais envolvidos com o futebol do Juventude, resultados que agradam a direção e a torcida. Além disso, projetou jovens talentos criados na base, oportunizando chances aos garotos que despontaram, seguiram seu caminho no futebol e por vezes auxiliaram nas contas do clube.
           Lisca estreou com uma derrota, para o Arapongas, pela Série D 2012, logo após chegar ao clube para tentar uma campanha de recuperação. Mesmo pegando o time em meio à competição, conseguiu classificar a equipe para a segunda e decisiva fase.
Após a Série D, Lisca e o grupo principal do Juventude assumiram a responsabilidade de garantir novamente uma vaga na competição nacional através da Copa Hélio Dourado. Missão dada é missão cumprida para Lisca. O treinador comandou o time rumo à conquista da competição, em uma campanha de força e superação.
            Passada a temporada de 2012, Lisca pode planejar com mais propriedade a temporada seguinte. O Gauchão apresentou um Juventude em absoluta evolução e o desfecho só não foi favorável por causa de um detalhe. Detalhe este já debatido, analisado, comentado e jamais entendido. Lisca e o Juventude foram os prejudicados após um erro de arbitragem, que anulou um gol legítimo de Diogo Oliveira, algo que custou o segundo turno do campeonato ao time alviverde.
            Passadas as comemorações dos 100 anos do clube, vem pela frente o grande objetivo do Juventude em 2013, o acesso. E, mais uma vez, deposita-se na comissão técnica e no grupo de jogadores a esperança de sucesso na busca pelo sonho esmeraldino de voltar, gradativamente, ao lugar que o destino reserva ao Juventude.
           A direção tem dado o suporte necessário para que o trabalho seja desenvolvido. O presidente Raimundo Demore destaca os resultados conquistados por Lisca desde a sua chegada ao Jaconi. “Esse ano frente o Juventude representa a consolidação do trabalho do Lisca, um profissional extremamente dedicado e que com o tempo conseguiu compreender a situação do clube. Além disso, é o grande responsável pela valorização dos nossos atletas da base. Ele tem uma visão pra essa área como poucos. Enfim, é um profissional que ama o que faz, por isso estuda e trabalha incansavelmente”, destaca Demore.
          Em um ano de Esporte Clube Juventude, Lisca contabiliza resultados positivos e um trabalho cuja qualidade não pode ser medida em números. As quatro competições somam 39 jogos, sendo 21 vitórias, 12 empates e apenas 6 derrotas. São, até agora, 61 gols marcados e 33 gols sofridos. O aproveitamento é de 64%. Além desses jogos, Lisca contabiliza outras 3 vitórias, 2 empates e uma derrota em seis amistosos disputados, entre eles, jogos válidos pela Copa Centenário, no começo do ano, e o Jogo dos 100 anos, contra o Nacional-URU, comemorativo ao aniversário alviverde.
            Para marcar a data que sinaliza um ano frente ao Juventude, Lisca concedeu uma entrevista ao site oficial do Esporte Clube Juventude. Confira:

Site do E.C.Juventude: Um ano frente ao Juventude. Como é pra você chegar nessa marca?
Luiz Carlos Cirne de Lorenzi, o Lisca: É uma satisfação profissional e pessoal muito grande. Porque eu sou criado aqui no Rio Grande do Sul e eu sei da importância que tem o Juventude. Como trabalhei muito tempo na base do Internacional, sempre disputei finais contra o Juventude. Todo o treinador que começa aqui no estado, aspira treinar o principal clube do interior do estado, por toda sua história, torcida, estrutura e representatividade. Batalhei muito pra chegar aqui e completar um ano não é fácil. A exceção é o Picoli, que conseguiu essa marca, mas tem toda uma identificação com o clube como jogador. Então é um sentimento bem positivo, de reconhecimento da diretoria, dos jogadores e do torcedor.
Juventude: Qual momento você aponta como o melhor até agora nesta passagem pelo Juventude?
Lisca: O melhor momento é receber o reconhecimento da torcida e da comunidade. Eu sinto que há uma maior valorização pelo trabalho realizado aqui, um maior orgulho em se vestir a camisa do Juventude. Eu procuro passar isso para os jogadores e para o torcedor. Posso considerar que o reconhecimento nas ruas é um momento muito bom pra mim, entre vários que passei aqui, como a conquista da Hélio Dourado; o crescimento de vários jogadores jovens que saíram e estão se promovendo e levando o Juventude junto com eles; A participação no Gauchão, especialmente o jogo contra o Grêmio e a vitória nos pênaltis.

Juventude: E o pior momento, Lisca?
Lisca: Foi após a eliminação na Série D do ano passado. O clube apostava muito e a gente fez uma recuperação, mas perdemos um jogo atípico. Aí tínhamos a Copinha, que virou uma obrigação e só a partir daí é que retomaríamos um calendário completo. Só que vieram algumas dificuldades, já que o clube tinha feito um investimento grande e não teve sucesso. Então foi um período de três ou quatro meses de muitas dificuldades. Mas, com o empenho e compreensão de todos, conseguimos superar.

Juventude: O que você projeta para um futuro a curto prazo?
Lisca: Espero dar sequência nesse trabalho de buscar identificação com o clube. A gente fez esse trabalho com a base, juntamente com os jogadores que já estavam aqui a mais tempo, e os principais exemplos são o Zulu, o Rafael e o Jardel. Todo mundo fala que o Juventude tem uma base de dois anos, mas na verdade são só esses três jogadores. Então, junto a esses jogadores, chegaram outros, como o Fernando, o Diogo, o Diogo Oliveira, que se identificaram muito com o clube e com a causa. Eles estão muito imbuídos nos objetivos. E o principal objetivo a curto prazo é o acesso. Já figuramos nas principais séries do cenário nacional e o Juventude construiu uma história em cima disso. A torcida quer isso, a diretoria quer isso e o clube necessita disso. Então nossa projeção é jogo a jogo, buscar a classificação e consequentemente o acesso. Mudaria o clube, o ambiente e a perspectiva futura. Seria um passo importante para todos nós e para mim, profissionalmente.

Juventude: O que falar do torcedor, que criou uma identificação muito forte com você?
Lisca: Só tenho a agradecer a torcida do Juventude. Num primeiro momento, sempre quando o treinador chega, se cria uma expectativa muito grande, mas rapidamente houve uma identificação. Acho até mesmo que o meu temperamento ajudou nisso. Sou um cara muito vibrante e passo isso muito para a torcida. As vezes o pessoal diz: “bá, mas ele tá comemorando por um gol”, sim mas realmente esse é o espírito de querer que as coisas aconteçam. A torcida compreendeu rápido e os resultados ajudaram. Os próprios jogadores também criaram essa identificação. Depois da Copinha e, principalmente, depois de dois jogos, na semifinal contra o Grêmio no Jaconi e a final contra o Inter, pra mim aconteceram coisas que jamais tinham acontecido. A festa aqui, né? Depois da eliminação do Grêmio nos pênaltis. O Ju tem uma história de conquistas, mas geralmente longe do Jaconi, então foi um momento muito especial junto a torcida. E no Centenário foi outro momento incrível, com o torcedor apoiando o tempo todo, gritando meu nome, acreditando junto com o time, aquilo nunca vou esquecer.

Juventude: E a história do “Lisca Doido”, como você recebe esse apelido, como você encara essa manifestação de carinho do torcedor?
Lisca: Num primeiro momento eu fico um pouco chateado, porque o doido sempre aponta pra algo negativo, mas aqui no Juventude eu gosto muito. Porque o “Lisca Doido” é algo que vem da torcida e muito por causa dessa doideira de querer fazer a coisa acontecer, de vibrar, de querer que o Juventude ganhe, de se entregar de corpo e alma ao trabalho. De muitas vezes passar até por um ridículo, mas pelo clube, vibrando e se dedicando. Então essa doideira, esse “Lisca Doido” é carinhoso e é um reconhecimento dessa entrega ao trabalho. Vejo, então, com muita satisfação e até mesmo fomento quando a torcida grita “Lisca, Lisca doido”, girando os dedos em volta da orelha, mas é com muita alegria que aceito isso. E esse doido é doido pelo trabalho.

Juventude: Depois de um ano como treinador do Juventude, que tipo de evolução profissional e pessoal você percebe?
Lisca: Vejo maior maturidade, pois uma sequência em um clube é sempre importante. Aqui em Caxias, pra mim, mais ainda, porque eu tive uma passagem pelo rival e tive uma saída bem complicada, apesar do bom trabalho. Então ficou sempre aquela imagem de “faz um bom trabalho, mas é doido”. Essa sequência, esse ano, com todas as dificuldades foi importante no sentido de maior maturidade. Importante também para as pessoas verem que muitas coisas que se falam não são verdade. Além disso gosto de destacar a identificação que criei com o clube e essa ambição de todo dia vir trabalhar, com vontade e dedicação, dando o máximo em cada treinamento.

Juventude: Pra finalizar, Lisca, uma mensagem para o torcedor do Juventude.

Lisca: Quero agradecer o apoio e falar que estamos lutando diariamente para conseguir o acesso. A gente sabe que o torcedor vem sofrido e lamenta muito por tudo que aconteceu nos últimos anos. Mas isso já passou e não adianta ficar apontando culpados. O que aconteceu, aconteceu, nossa realidade é outra e nosso trabalho é de reconstrução. Precisamos dessa energia positiva que vem do torcedor. Acho que essa marca de 100 anos do clube veio para todo mundo refletir e valorizar a história e o clube. O recado de incentivo que eu dou é que mesmo nas dificuldades, já que o campeonato não é fácil, que o torcedor esteja do nosso lado, porque aí sim que a gente precisa do apoio. Então vamos mergulhar de cabeça nesse acesso. Não é o Lisca, não é o Rafael, não é o Zulu...é o Juventude que tá buscando isso.

Site do Juventude

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