O técnico do time sub-20 do Figueirense, Cristian de
Souza, é um estudioso do futebol. Não conseguiu sossegar na parada do
Campeonato Catarinense, liderado pelo time dele. Em parceria com Youssef
Canaan, auxiliar-técnico da categoria sub-17 do Fragata FC (clube gerenciado
pelo ex-volante Émerson, da Seleção Brasileira), Cristian buscou a origem de
cada um dos 136 gols marcados nos 48 jogos da primeira fase do Mundial - média
2,83.
- A primeira fase mostrou o que, para nós, já era o
esperado. É a copa das transições e da bola parada. 37% dos gols saíram da
transição ofensiva, que se origina da roubada e saída rápida (direta) ao gol
adversário. 34% saíram de bolas paradas (pênaltis, arremesso laterais,
escanteios, faltas laterais e frontais) e 29% saíram de organização ofensiva -
explica o treinador.
Os conceitos de "transição ofensiva" (no
gráfico, representado por T.OF.) e de "organização ofensiva" (O.OF.)
são utilizados há mais de três decadas.
- Fazem parte dos cinco momentos de um jogo. Organização
ofensiva é ter a posse de bola. Organização defensiva é não tê-la. Transição
ofensiva é recuperar a posse. Transição defensiva é perdê-la. O quinto momento
é o da bola parada - ensina Cristian.
O alto número de gols da Copa, especialmente em
contra-ataques e bolas paradas, mostra fragilidades defensivas das seleções?
Para Cristian de Souza e Youssef Canaan, não.
- Acreditamos que é justamente o contrário. A boa forma
das equipes defenderem e de contra-atacarem são as maiores responsáveis por
essa alta média. Os números mostram que as equipes que buscam a posse como
forma predominante dos seus modelos de jogo (organização ofensiva) geraram um
grande desgaste físico e emocional, além de muitos espaços quando perdem a
bola. Os exemplos são Itália e Espanha - diz Cristian.
O treinador dos juniores do Figueirense ainda identifica
uma tendência: as equipes estão sendo muito objetivas quando buscam
desestabilizar quem joga com a posse de bola.
- Defender de forma inteligente e racional (marcação
zonal) junto à transição ofensiva de forma direta para chegar ao gol pela
desorganização de quem tinha a bola gerou a grande maioria dos gols até agora,
e sem dúvida já se mostra uma nova tendência do futebol moderno.
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