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Em cima, Pitol e Luiz Carlos. Abaixo, Camazzola e Paulo Turra. Em discussão, o calendário do futebol |
O encontro de representantes do Bom Senso Futebol Clube
com a presidenta Dilma Rousseff, na segunda-feira, dia 26, dá uma esperança
a milhares atletas brasileiros que não têm um calendário de competições que os
permita trabalharem o ano inteiro. Após o fim dos estaduais, chegam a ficar
quatro meses sem clube e sem salários. Em 2014, o intervalo de mais de 45 dias
no calendário do futebol brasileiro devido à Copa do Mundo, parece aumentar ainda
mais este problema. É isso mesmo? Qual o tamanho do prejuízo? O que fazer para
mudar esse quadro?
- Os clubes economizam dois meses de salários na parada
da Copa. Só vão contratar quando as competições estarão por começar - diz o
goleiro MARCELO PITOL, ex-Grêmio.
Pitol, 32 anos, já atuou nas Séries 'A' e 'B' do
Brasileiro, o que lhe rendeu, naquelas oportunidades, contratos de ano inteiro.
Voz respeitada entre os atletas, Pitol já foi protagonista de uma campanha do
Bom Senso FC. Neste ano, seu último jogo ocorreu no dia 4 de Maio, pelo Glória
de Vacaria, na Divisão de Acesso do Campeonato Gaúcho. Ele teme firmar novo
contrato apenas no mês de Julho, quando as competições reiniciarem.
Colega de Pitol no Glória, o meia LUIZ CARLOS VIEIRA, 31
anos, formado no Internacional, tem saudades do calendário boliviano. Atuando
por San Jose de Oruro e Blooming de Santa Cruz de La Sierra,
"Vieira", como era chamado, garantiu contratos de ano inteiro por
quatro temporadas.
- Os clubes não querem investir neste período, pois ficam
sem campeonatos. Acredito que as fórmulas tenham que ser modificadas,
espelhando-se nos campeonatos de fora, que possuem jogos o ano inteiro. Isso
proporciona ao atleta emprego e segurança - afirma Luiz Carlos.
Mas, mesmo para quem tem contrato em vigor, a parada não
é legal. O volante CAMAZZOLA, 31 anos, atuou várias temporadas de Série 'A' do
Brasileirão pelo Juventude, na primeira metade dos anos 2000. Depois, jogou em
países que também garantiam um calendário de ano inteiro: Escócia, França,
Bulgária e Noruega.
- Nesse caso (da parada), deve ser feita uma preparação,
praticamente, para dois campeonatos, pré e pós Copa, pois o jogador perde o
ritmo de competição. Quando está se chegando a um bom nível físico e técnico,
acontece a parada - avalia Camazzola.
E existe solução?
- Falar em solução é um pouco complicado, pois é um
evento que não acontece anualmente. Uma solução seria adequar o calendário
brasileiro como é o europeu. Mas, como a Copa é só de quatro em quatro anos, acho
aceitável pagar esse preço em decorrência do maior evento de futebol do mundo -
afirma o volante, que está sem clube desde que retornou ao Brasil para se
recuperar de um problema nos joelhos, em 2013.
Ainda quanto àqueles profissionais que possuem contrato
de ano inteiro, o técnico PAULO TURRA, que recentemente treinou o Avaí, da
Série 'B' do Brasileiro, discorda de Camazzola.
- A parada dará mais tempo para trabalhar e consertar os
erros. Lógico que dará uma carga maior de jogos a menos tempo, mas isso não é
novidade. Os profissionais no Brasil terão, por conta de terceiros, o tempo
ideal para trabalharem e se prepararem para o restante do ano - entende, Turra.
Um comentário:
Seria interessante essas propostas se valerem ainda mais das experiências nos outros campeonatos no hemisfério sul. A Argentina e o Uruguai já discutem o fim do calendário europeu, visto a questão climática e das férias, por exemplo.
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