É claro que fiz o parágrafo acima para dizer que todos nós
somos torcedores de um time. Uns mais, outros menos, mas todos nutrimos um
sentimento por um clube de futebol. E não é isso que vai definir se seremos
bons ou maus profissionais. Quem diz o quão bom cronistas seremos é o nosso
próprio profissionalismo. E ser bom no jornalismo esportivo passa por muitos
aspectos.
O cronista esportivo que vence na profissão, é aquele que
utiliza o seu espaço para desempenhar o jornalismo na sua plenitude, relatando
fatos, buscando as diversas faces de um mesmo tema, instigando o debate. A
polêmica, bem ou mal, faz parte da crônica esportiva desde os primórdios até
hoje em dia. E
isso não significa que quem faz a polêmica, esteja movido por uma paixão
clubística. Longe disso.
Se não estivéssemos vivendo momentos de rivalidade extrema,
onde qualquer tipo de provocação é o estopim para brigas e discussões, não
haveria nenhum problema para os cronistas revelarem seu time de preferência.
Eu, por exemplo, filho do seu Lourenço, um grande torcedor do Internacional,
revelei ser torcedor gremista em 1997 e segui trabalhando com o máximo respeito
por todos os clubes que tinha a missão de acompanhar. Pode ser um caso isolado,
mas é um caso e um risco que assumi, afinal, trabalhei no Grêmio e voltei a
trabalhar em veículo, agora na Rádio Bandeirantes. Acima de tudo, está a
segurança dos profissionais. Se nas mais variadas crises dos clubes, a culpa
normalmente recai sobre a imprensa, imagine se os profissionais de comunicação
esportiva divulgassem suas preferências clubísticas.
Insinuar que um cronista é gremista ou colorado e, a partir
disso, julgar o seu trabalho, é colocar em dúvida o profissionalismo de alguém
que se preparou para estar naquela situação. É deixar de ver que, além de um
profissional, está um ser humano que dedica os seus dias, feriados, finais de
semana, para levar a informação a milhões de torcedores apaixonados, muitas
vezes abdicando de momentos ao lado de familiares e amigos.
Na condição de presidente da Associação dos Cronistas
Esportivos Gaúchos, prezo pelo bom relacionamento entre profissionais do
futebol e os cronistas no dia a dia. Que todos sejam avaliados e julgados pelo
seu trabalho, dentro ou fora de campo. Que o caso do técnico Renato Portalupi
com o cronista Luis Henrique Benfica, há 26 anos setorista do Grêmio, se
resolva da melhor maneira, havendo o respeito mútuo, o que engrandece o clube e
a crônica esportiva. Lamento que tenhamos chegado a este ponto no convívio
diário. Mas torço para que o respeito prevaleça em todas as relações.
Haroldo Santos
Presidente
Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos
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