Se para o São
Paulo a eliminação na Copa Hélio Dourado marca o término de uma temporada, para
Rudi Machado, 39 anos, o significado é bem mais amplo. Para ele, é o indicativo
de um trabalho satisfatório e o começo de novo ciclo em sua carreira
profissional.
Em entrevista,
ele conta suas experiências e fala do futuro da carreira como técnico de
futebol.
JA-
Construístes uma história como jogador. Algum fato que te marcou?
Rudi- Meu começo
na carreira profissional foi marcante, já que sair do amador para esta
categoria quase nunca é fácil pelas diferenças, ainda mais com 24 anos. Esta
transição foi fundamental. Mas além disso, sai do Bento Freitas, onde possuía a
braçadeira de capitão para vestir a camisa do Pelotas onde também assumi a
mesma condição. Recebi o mesmo reconhecimento pelos dois clubes embora tamanha
rivalidade.
JA-
Como nasceu o “Rudi treinador”?
Rudi- Quando eu
voltei do Paraná, desejei encerrar carreira no São Paulo e foi o que aconteceu.
Assinei contrato com o clube para 2011 e possivelmente primeiro semestre de 2012.
Nesta transição, surgiu o convite por parte da direção e acabei aceitando.
Cheguei a cogitar a função de treinador algumas vezes, inclusive recebendo
convites para ser auxiliar de algumas equipes, mas nunca havia amadurecido esta
ideia. Deu certo e estou feliz por isso.
JA-
Fostes criticado por muitos que duvidaram da tua competência. Isto te abalou em
algum momento?
Rudi- Sempre
estive centrado e tranquilo com o trabalho que vinha fazendo. Amadurecendo
sempre. O que houve sim, foi um momento de reflexão, em que pensei que deixando
o clube poderia proteger o grupo que estava sendo visado em função de algumas
análises negativas. Depois pensei com calma e, vendo que recebia a
credibilidade de dirigentes, segui em frente.
JA
– Como técnico, podes destacar algo?
Rudi- Na verdade
o presente está entrelaçado ao passado, então é por aí. Para mim, foi de
extrema importância pisar na Boca do Lobo para comandar o São Paulo e ser
aplaudido pela torcida da casa. Não tem explicação este reconhecimento.
JA
– O que é mais difícil, dentro ou fora das quatro linhas?
Rudi- Fora, sem
dúvida. Primeiro pela questão espacial, estava acostumado, como zagueiro,
enxergar o campo por um ângulo e hoje tenho de analisar por outro. Segundo, a
responsabilidade do comando tem de ser assumida, levando a determinados
momentos a assimilar as culpas para preservar o grupo.
JA-
Quais teus planos para 2013. Veremos novamente o Rudi à beira do gramado?
Rudi- É o que eu
quero, trabalhei para isso. Vou descansar e retribuir à Andréia (esposa), o
Rudi e a Luiza (filhos), um pouco da atenção, carinho e paciência que eles me
deram nesta fase. Ainda não fui chamado pela direção para conversar, também não
sei se isso irá acontecer. É bastante cedo para prever algo, mas meu foco segue
sendo este, seguir atuando como treinador.
JA
– Qual teu sentimento ao encerrar este ciclo na Linha do Parque?
Rudi- Sempre fica
o sentimento de que podíamos ter ido um pouco além, mas sei que o dever foi
cumprido. Tínhamos nossas limitações como muitos clubes do interior. Contudo,
vejo especialmente um segundo semestre de muita superação. Iniciamos o trabalho
com 17 jogadores, apenas 2 do grupo da Divisão de Acesso em condições de atuar.
Uma semana depois perdíamos todo nosso sistema defensivo com a saída de três
jogadores. Tivemos que reestruturar a equipe com a competição em andamento e,
mesmo assim, chegamos entre os finalistas. Vai ficar marcado este último jogo
diante do 14. O Recife fez um bom trabalho, mas eu gostaria de ter estado ali
para olhar no olho de cada um dos meus jogadores, quem sabe a história poderia
ter sido diferente, apesar de mais uma vez ressaltar a qualidade de minha
comissão técnica. Finalizo meu trabalho saindo satisfeito e sem mágoas.
Meilene
Fontes - Jornal Agora
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