terça-feira, novembro 06, 2012

Técnico Rudi deixa o São Paulo: 'Saio satisfeito e sem mágoas'


           Se para o São Paulo a eliminação na Copa Hélio Dourado marca o término de uma temporada, para Rudi Machado, 39 anos, o significado é bem mais amplo. Para ele, é o indicativo de um trabalho satisfatório e o começo de novo ciclo em sua carreira profissional.
         Em entrevista, ele conta suas experiências e fala do futuro da carreira como técnico de futebol.

JA- Construístes uma história como jogador. Algum fato que te marcou?
Rudi- Meu começo na carreira profissional foi marcante, já que sair do amador para esta categoria quase nunca é fácil pelas diferenças, ainda mais com 24 anos. Esta transição foi fundamental. Mas além disso, sai do Bento Freitas, onde possuía a braçadeira de capitão para vestir a camisa do Pelotas onde também assumi a mesma condição. Recebi o mesmo reconhecimento pelos dois clubes embora tamanha rivalidade.

JA- Como nasceu o “Rudi treinador”?
Rudi- Quando eu voltei do Paraná, desejei encerrar carreira no São Paulo e foi o que aconteceu. Assinei contrato com o clube para 2011 e possivelmente primeiro semestre de 2012. Nesta transição, surgiu o convite por parte da direção e acabei aceitando. Cheguei a cogitar a função de treinador algumas vezes, inclusive recebendo convites para ser auxiliar de algumas equipes, mas nunca havia amadurecido esta ideia. Deu certo e estou feliz por isso.

JA- Fostes criticado por muitos que duvidaram da tua competência. Isto te abalou em algum momento?
Rudi- Sempre estive centrado e tranquilo com o trabalho que vinha fazendo. Amadurecendo sempre. O que houve sim, foi um momento de reflexão, em que pensei que deixando o clube poderia proteger o grupo que estava sendo visado em função de algumas análises negativas. Depois pensei com calma e, vendo que recebia a credibilidade de dirigentes, segui em frente.

JA – Como técnico, podes destacar algo?
Rudi- Na verdade o presente está entrelaçado ao passado, então é por aí. Para mim, foi de extrema importância pisar na Boca do Lobo para comandar o São Paulo e ser aplaudido pela torcida da casa. Não tem explicação este reconhecimento.

JA – O que é mais difícil, dentro ou fora das quatro linhas?
Rudi- Fora, sem dúvida. Primeiro pela questão espacial, estava acostumado, como zagueiro, enxergar o campo por um ângulo e hoje tenho de analisar por outro. Segundo, a responsabilidade do comando tem de ser assumida, levando a determinados momentos a assimilar as culpas para preservar o grupo.

JA- Quais teus planos para 2013. Veremos novamente o Rudi à beira do gramado?
Rudi- É o que eu quero, trabalhei para isso. Vou descansar e retribuir à Andréia (esposa), o Rudi e a Luiza (filhos), um pouco da atenção, carinho e paciência que eles me deram nesta fase. Ainda não fui chamado pela direção para conversar, também não sei se isso irá acontecer. É bastante cedo para prever algo, mas meu foco segue sendo este, seguir atuando como treinador.

JA – Qual teu sentimento ao encerrar este ciclo na Linha do Parque?
Rudi- Sempre fica o sentimento de que podíamos ter ido um pouco além, mas sei que o dever foi cumprido. Tínhamos nossas limitações como muitos clubes do interior. Contudo, vejo especialmente um segundo semestre de muita superação. Iniciamos o trabalho com 17 jogadores, apenas 2 do grupo da Divisão de Acesso em condições de atuar. Uma semana depois perdíamos todo nosso sistema defensivo com a saída de três jogadores. Tivemos que reestruturar a equipe com a competição em andamento e, mesmo assim, chegamos entre os finalistas. Vai ficar marcado este último jogo diante do 14. O Recife fez um bom trabalho, mas eu gostaria de ter estado ali para olhar no olho de cada um dos meus jogadores, quem sabe a história poderia ter sido diferente, apesar de mais uma vez ressaltar a qualidade de minha comissão técnica. Finalizo meu trabalho saindo satisfeito e sem mágoas.

Meilene Fontes - Jornal Agora

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