A dor muscular tardia (DMT, estado
dolorido após o esforço) pode ocorrer horas ou dias após um exercício intenso
e/ou volumoso bastante para que provoque microlesões na ultraestrutura
muscular.
Este processo se da quando o individuo não tem o devido preparo
físico para o exercício; inicia uma atividade física; ou reinicia, mas com
intensidade maior do que o habitual.
É uma das lesões esportivas que ocorrem com mais
freqüência, apresentando sintomas musculares como: inchamento,
enrijecimento, sensibilidade ao toque e dor ao movimentar a região afetada.
Estes surgem algumas horas após as atividades, com aumento progressivo da dor
nas próximas vinte e quatro horas, e diminuição gradativa em um prazo de
aproximadamente 72 horas
Esse processo depende da magnitude dessas lesões, e é
mais comum quando grandes áreas são afetadas pelo exercício com alta
intensidade ou quando o exercício exige: grande produção de força ou potência;
força em grandes amplitudes de alongamento das fibras musculares; ou com ênfase
nas fases excêntricas da contração muscular.
Acreditava-se no passado que o lactato era o fator
responsável por estes eventos, já que suas concentrações aumentam durante o
exercício vigoroso. Entretanto, sabe-se hoje que, aproximadamente uma hora e
meia depois dos exercícios, suas concentrações já se encontram normais. Diante
destes fatos, muitos especialistas reconhecem que a DOMS é decorrente do
alongamento acentuado das fibras musculares, principalmente no tecido
conjuntivo muscular, causando microlesões que provocam processo inflamatório
causando dor.
A alta tensão no sistema muscular contrátil e elástico
resulta no dano de tecido muscular, o que prejudica a homeostase da fibra
lesionada (equilíbrio de cálcio) e inibe a respiração celular. Isto também é
acompanhado por altas concentrações de cálcio que ativam enzimas degradantes
das linhas (ou discos) Z. Na figura abaixo, há a microfotografia de sarcômeros
com morfologia normal, rompimento moderado e rompimento alto. Observa-se que as
linhas Z (que delimitam os sarcômeros e tem coloração mais escura) encontram-se
bastante desalinhadas (rompidas). O edema também pode provocar DMT, associado
ou não com lesão muscular.
A DMT normalmente tem seu pico entre 1 a 3 dias após a
sessão de exercício. O treinamento crônico tende a aumentar o limiar no qual a
DMT ocorre. Uma sessão leve de exercício no dia posterior à sessão que provoca
DMT é uma estratégia para diminuir o efeito dolorido. Dentre diversas
estratégias na tentativa da redução da DMT, atletas lançam mão de
banheiras com água e gelo para que a vasoconstrição provocada pelo frio promova
uma drenagem de metabólitos e assim diminua a possibilidade de DMT. Embora
ainda discutível, a estratégia visa acelerar a recuperação, e viabilizar um
retorno mais rápido aos treinos e competições nos dias seguintes.
Imagens de uma fibra muscular sem rompimento miofibrilar
(esq), uma fibra com rompimento leve-moderado (ocupando dois sarcômeros, meio),
e uma fibra com alto rompimento (>10 sarcômeros de extensão, dir).
TRATAMENTO
O tratamento é por meio de alongamento,
massagem, aplicação de gelo (crioterapia), uso de antioxidantes e/ou
anti-inflamatórios, imersão da região afetada em água gelada ou
fisioterapia.
PREVENÇÃO
Quanto à sua prevenção, treinar de acordo com a sua capacidade, aumentando a carga e/ou
intensidade de forma gradativa; alongar os músculos antes e depois das
atividades; e promover uma alimentação rica em proteínas e vitaminas C e E
(anti-inflamatórias e antioxidantes), são medidas essenciais.
Referências
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