Hoje, uma das maiores torcidas do Interior Gaúcho está completando 100 Anos. São Cem anos de Glórias, de Paixão e de muitas Histórias pelo Rio Grande e até mesmo pelo Brasil a fora.
Nesta quarta-feira, Zero Hora trás uma reportagem especial contando alguns momentos históricos, brilhantes e também tristes como o acidente que marcou a torcida Xavante.
Nesta quarta-feira, Zero Hora trás uma reportagem especial contando alguns momentos históricos, brilhantes e também tristes como o acidente que marcou a torcida Xavante.
Na película dos 100 anos de vida xavante, um roteiro que
se confunde entre o racional e o emocional. São os causos do mundo da bola
emoldurados por uma das plateias mais apaixonadas do país.
>>> De Cruzeiro do Sul a Grêmio Sportivo Brasil
Uma discussão entre integrantes do Sport Club Cruzeiro do
Sul levou os dissidentes Breno Corrêa da Silva e Salustiano Brito a fundar um
novo clube em Pelotas. Após algumas assembleias na casa do pai de Salustiano,
foi fundado o Grêmio Sportivo (sem E) Brasil, em 7 de setembro de 1911.
Em 1913, o Brasil começou a disputar o Campeonato
Citadino. Em 1917, o primeiro título. Invicto.
>>> A casa xavante
Cinco anos após a fundação, o clube inaugurou seu
primeiro estádio, no bairro Simões Lopes, com capacidade para 2 mil torcedores.
Em 1943, a mudança para a casa nova, o Estádio Bento Freitas.
>>> Embrião do Brasileiro
Um embrião do Campeonato Brasileiro foi lançado no ano
seguinte. A Confederação Brasileira de Desportos organizou um torneio
envolvendo os campeões gaúcho, paulista e carioca – Brasil, Paulistano e
Fluminense. O representante de São Paulo foi o campeão.
>>> "Centenarazo"
Em 19 de março de 1950, o Uruguai preparava-se para
disputar a Copa do Mundo no Brasil e convidou o rubro-negro para um amistoso no
Centenário, em Montevidéu. Os gaúchos venceram a partida por 2 a 1 – mesmo
placar do Maracanazo imposto pelos uruguaios, em julho, na final do Mundial.
>>> Excursão que inspirou o hino
Em 1956, o Brasil embarcou para sua primeira excursão.
Foram 100 dias e 28 amistosos em nove países das Américas do Sul e Central, com
16 vitórias, seis empates, seis derrotas 75 gols marcados e 50 sofridos.
Após a excursão de 100 dias, tomados pelo orgulho do
desempenho do Brasil em terras sul e centro-americanas, os xavantes José Costa
e Victor Jacó compuseram o hino do clube.
>>> Primeiro campeão gaúcho
A Federação Riograndense de Desportos organizou, em 1919, o primeiro campeonato estadual. Tricampeão pelotense, o Brasil chegou à decisão contra o Grêmio. Após 16 horas de viagem de navio entre Pelotas e a Capital, os rubro-negros desembarcaram no estádio do tricolor, então no bairro Moinhos de Vento, para escreverem seu nome na história com uma goleada por 5 a 1. A conquista está imortalizada no distintivo xavante em forma de uma estrela prateada.
>>> Um Pelé na tribo
Em 1957, o Santos excursionava pelo Rio Grande do Sul e
enfrentou o Brasil em Pelotas. Deu empate, 1 a 1, e fora de campo a
possibilidade de uma goleada irreparável sobre o time da Vila Belmiro. Como
saldo do amistoso, um Rei quase foi parar em Pelotas.
– Eu não reneguei o Pelé, acho que fiz pior do que isso.
O Santos queria levar o Joaquinzinho, mas eu disse que só liberava por 400 mil
cruzeiros mais aquele jogador ligeirinho, que no caso era o Pelé – conta o
então presidente Clóvis Russomano, 86 anos.
Do jeito que Russomano queria, não teve negócio.
Joaquinzinho não foi para o Santos e , um ano depois, aquele menino de canelas
finas se tornaria o gênio da Seleção Brasileira campeã mundial. Mas o que teria
acontecido se Pelé não tivesse voltado para casa?
– É, aí hoje seria o Brasil de Pelotas o Santos...
(risos) Seria o campeão do mundo várias vezes – cutucou o próprio rei do
futebol, Pelé, em uma entrevista ao Fantástico.
>>> Cara ou coroa? Tanto faz
Decisão do Estadual de Futsal, Brasil x Ipiranga de Rio
Grande, década de 1960. Empate em 1 a 1. O resultado seria decido na sorte.
Cara ou coroa?
O árbitro lançou a moeda para cima. Jogadores do Ipiranga
aguardavam perto da goleira. Os xavantes formaram um semicírculo diante da
moeda, pressão movida pelo descontentamento com a atuação do árbitro no
primeiro jogo da final, uma semana antes, em Rio Grande.
Quando a moeda caiu, os jogadores rubro-negros vibraram,
a torcida invadiu a quadra em festa. Detalhe: ninguém sabia o resultado. A
moeda chegou a ficar por alguns minutos debaixo do coturno de um policial, mas
o árbitro não teve coragem de contestar a comemoração que já havia tomado conta
do ginásio do Cruzeiro.
– A gente comemorou o título, mas até hoje não sabe se
deu cara ou coroa – diz o pivô da equipe xavante na época, José de Oliveira
Lahm, o Peto.
>>> Vitória do Brasil
O Brasil assombrou o Brasil em 1985. Os comandados de
Valmir Louruz eliminaram o Flamengo de Zico do Brasileirão com uma vitória por
2 a 0, gols de Bira e Júnior Brasília. No jogo seguinte, os 3 a 1 sobre o
Bahia, em plena Fonte Nova, levaram o rubro-negro à semifinal.
Então, a CBF exigiu impediu que o Brasil enfrentasse o
Bangu no Bento Freitas, em função da capacidade de público. No Olímpico, os
cariocas venceram por 1 a 0, e no Maracanã. por 3 a 1, classificando-se para a
final contra o Coritiba. Até hoje, rubro-negros juram que a manobra de
bastidores tirou o Brasil da decisão – e da Libertadores de 1986.
>>> A curva fatal
O momento mais dramático da centenária história xavante.
Em 15 de janeiro de 2009, o Brasil voltava de Santa Cruz do Sul, onde havia
disputado um amistoso de preparação para o Gauchão, quando o ônibus que
conduzia a delegação tombou em uma curva no quilômetro 150 da BR-392, próximo a
Canguçu.
Foram 40 metros de queda livre. O acidente causou a morte
do preparador de goleiros Giovani Guimarães, do zagueiro Régis Gouveia e do
ídolo uruguaio Cláudio Milar. Praticamente todos os outros passageiros ficaram
feridos. Uma comoção silenciosa levou milhares de torcedores ao Bento Freitas
para prestar homenagens às vítimas.
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