quinta-feira, maio 15, 2014

Presidente do Farroupilha desabafa

Foto: Diário da Manhã
            O presidente do Farroupilha, de Pelotas, Reginaldo Bacci, utilizou a rede social Facebook para fazer um desabafo sobre algumas questões do Fantasma do Fragata. Confira na integra:

Desabafo - Farroupilha
           Há certas coisas na vida que a gente nunca acredita que vão acontecer, pois de tão óbvias jamais pensamos sequer na possiblidade, mas são exatamente essas que ao acontecerem nos deixam atônitos.
Quando aceitei o convite do Professor Poeta para assumir o Grêmio Atlético Farroupilha, clube com o qual eu já vinha contribuindo financeiramente desde 2009/2010, imaginei que poderia dar uma contribuição e assim propiciar um descanso merecido depois de décadas ao nosso eterno presidente.
           As dificuldades eram conhecidas, a equipe havia sido rebaixada para a terceira divisão, dívidas de toda a ordem: salários em atraso de 2013 (1º e 2º semestres), dívidas trabalhistas, previdenciárias e tributárias, entre outras, e com fornecedores. Portanto, não posso dizer que não sabia da situação, pois a conhecia e bem, ainda que não tivesse o cenário completo naquele momento.
         Óbvio que a situação do Farroupilha em dezembro de 2013 não era fruto da falta de vontade de seus dirigentes em fazer as coisas certas, mas muito mais daquilo o que se tornou o futebol nos últimos anos, em particular, para as pequenas equipes do interior do Brasil com pouco torcedores. Todos sofrem com um esporte que se tornou caro e pela falta de recursos.
         A atual gestão elaborou um Plano de Sócios, um Plano de Marketing, um Plano de Comunicação, e vem, com todas as dificuldades do mundo, buscando soluções para a implementação destes planos. Apesar dos esforços envidados quase nenhuma empresa local e ou pessoa física contribuinte se predispôs a ajudar o Clube. No entanto, continuamos firmes e fortes. Daqui a pouco faremos, tenho certeza disto.
Afinal como iniciar uma nova gestão sem nenhum dinheiro no caixa, sem recebíveis, sem time, sem gestão, pois não se tem minimamente os equipamentos e os objetos imprescindíveis para uma boa administração. Por outro lado, resta ao Farroupilha pouco e valorosos torcedores, pois se somos poucos, é porque somos seletos, fomos escolhidos pela natureza para sermos farrapos e como brasileiros sobrevivemos contra tudo e contra todos.
          Assim é o Farroupilha, indestrutível e firme na sua vocação esportista, ainda que alguns mal intencionados e sem caráter tentem, por razões que desconheço, desqualificar o Farrapo e sua gestão, sem perceberem em razão da sua pouca inteligência, em verdade desvalorizam um patrimônio esportivo local e o esporte nacional.
         Não é fácil sair da situação negativa e galgar degraus rapidamente, quando se tem um quadro pequeno de colaboradores, recursos escassos, e, principalmente, quando todos os apoiadores que de alguma forma contribuíam (ainda que com parcos recursos, mas que somados ajudavam muito) para o Clube, somem, simplesmente abandonam o barco e ficam de longe observando, sabe-se lá o que. Pior ainda é ouvir ou ler críticas de quem não estando no barco e não estando com ele comprometido, destile venenos de toda a ordem. Lamentável. No entanto, quero fazer justiça àqueles poucos (3 ou 4) que continuam contribuindo e acreditando, e que deixo de citar por educação e discrição.
        O Farroupilha se organizou a partir de 20 de janeiro de 2014. Montamos uma equipe técnica, que reputo de qualidade e comprometida, um bom time, que conta com 31 jovens jogadores, que tem feito jogos memoráveis como o último jogo em que empatamos em 1 x 1 em São Gabriel, na casa do adversário. Verdade, não temos tido sorte e as vezes somos irregulares, a bola não entra, mas temos valor e reconhecemos isto. Alguns mais experimentados do que eu no esporte me dizem: “calma, Reginaldo, isto é do futebol ...”
         Não tenho calma e cobramos cada vez mais, pois se jogamos bem, queremos que o que fazemos em campo, se traduza em números na tabela de classificação. Ainda acreditamos, vamos ganhar os dois últimos jogos e vamos nos classificar, merecemos isto.
        Temos mantido a folha de pagamentos dos atletas, da equipe técnica, e dos funcionários administrativos em dia desde janeiro de 2014. Alguém lembra quando foi que isto aconteceu no Farrapo na última década??? Todos os nossos funcionários e jogadores são cooperados do SICREDI e recebem seus salários via banco. Alguém sabia disto??? Procurou saber??? Se o Farroupilha estivesse com os salários atrasados, certamente, isto seria motivo a justificar as mais duras críticas, mas não só estamos com os salários em dia, como já começamos a pagar os salários atrasados de 2013. NÃO HÁ MÉRITO NISTO???
        O Estádio Nicolau Fico poderá ser reaberto, ainda que parcialmente, mas as obras já começaram a ser feitas. Estamos adequando o estádio as normas da lei federal que foi editada em 26 de dezembro de 2013 e regulada por Instrução Normativa em fevereiro de 2014. Estamos construindo as rampas, refazendo a parte elétrica, corrigindo algumas estruturas e queremos estar com todas as obras concluídas nos próximos 45 dias. O Farroupilha foi a única equipe que jogou fora de casa todos os jogos que tinha o mando de campo. Jogar fora do nosso estádio foi duro, doloroso, e pior, não tivemos um centavo de renda. Ninguém é capaz de dizer uma palavra de alento a favor do Farroupilha, ao contrário, preferem as críticas.
        Claro que eu não conhecíamos este lado nefasto do futebol, onde todas as ações positivas são escondidas e as negativas exaltadas. Um lado onde, as pessoas falam mal sem saber e outras fazem o mal por querer. Sem dúvida é um espaço complexo e problemático, mas aos poucos vamos nos adaptando e contornando estas situações constrangedoras que tentam desanimar, mas a mim e ao grupo não atingem. Assim é o futebol, dizem.
        Tudo isto para reportar a um fato, no mínimo, desagradável, que aconteceu no Estádio Nicolau Fico no último domingo (11/05). Porém, gostaríamos de fazer uma afirmação que se escuta desde tenra idade: “o futebol começa pelas categorias de base”... “é pela base que se constrói um grande time”... “é fundamental investir na base” ... Bem, o Farroupilha nesta gestão de 2014 tomou esta decisão e desde março de 2014 temos já montados: sub 09, sub 11, sub 13, sub 15 e sub 17, com cerca de 130 atletas (crianças e adolescentes). Ah! Estamos montando o sub 19, pois vamos disputar o campeonato estadual no segundo semestre e já temos 15 atletas no elenco.
        As categorias de base sub 9 e 11 estão disputando campeonato regional, e a sub 13 e sub 15 campeonato gaúcho, assim como a sub 17. Sendo que as categorias sub 13 e 15 jogam juntas e viajam juntas, a sub 17 sozinha. Para demonstrar o que estamos fazendo somente neste mês de maio de 2014 as categorias sub 13 e 15, e a sub 17 estiveram jogando em Carazinho, Taquari, Morro Redondo e Erechim, e ainda jogaremos até o dia 31 de maio em Marau e Lajeado. Estas viagens, sem contar com as despesas de hotelaria e alimentação, vão alcançar a cifra de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) somente para custear o transporte.
        Meus amigos, estamos fazendo o que acreditamos. Estamos apostando nas categorias de base, mas sem descuidar do profissional, sem deixar de fazer as reformas no estádio e sem esquecer as mudanças na gestão que se fazem necessárias e acima de tudo pagando a folha em dia, as despesas incorridas e ainda aos poucos cumprindo com os valores em aberto do passado.
       Lamentamos a falha de comunicação ocorrida no último domingo, quando não foi paga a arbitragem para que acontecesse o jogo entre Farroupilha e Ipiranga de Erechim (contra quem, aliás, estamos jogando hoje 14/05 lá cidade de Erechim). O Departamento de Futebol Amador foi convocado e poderíamos exigir cabeças e ou aceitar renúncias colocadas à mesa na tentativa de dar explicações aos nossos torcedores, imprensa e gaiatos de plantão. O jogo anterior que não foi pago, os documentos jamais chegaram à mesa da gerência administrativa financeira para se realizar o pagamento. Erramos, lamentavelmente, erramos, mas o erro é do grupo, não de uma ou duas pessoas.
        Por outro lado, lamentamos que pessoas que atuam no esporte o façam de maneira mesquinha, pequena, do tamanho do seu caráter ou de sua índole, mas cada cabeça uma sentença, e ao assim atuar, ao invés de estimular o esporte fazem por onde rebaixá-lo por motivos vis, pois se fossem maiores, tivessem caráter, buscaria a composição, a solução amigável, o diálogo, e não o constrangimento e decisão leviana e fácil, que não se sustenta por tudo o que foi dito aqui e que pode ser comprovado.
         Decepção foi o que senti quando me foi relatado o fato e olha que eu estava no Laranjal (dia das mães e almoçara com a minha família), senão diriam as línguas maledicentes, estão vendo o Presidente do Farroupilha não está em Pelotas, por isto acontece tal coisa. No entanto, estava em Pelotas e mesmo assim meu telefone não tocou – falha de comunicação – pois senão nada disso teria ocorrido.
        Quero pedir desculpas aos atletas do sub 17 do Grêmio Atlético Farroupilha e a toda comissão técnica desta categoria, pois nada justifica o que aconteceu, mas o tempo não para e como dizia Padre Anchieta: “o tempo não tem restituição”. Teremos que conviver com este erro, mas posso dimensionar o tamanho da decepção interior de cada um de vocês, mas cada um de terá que conviver com as decisões que toma e assim será, e a soma da decepção de vocês é o resultado da nossa decepção. Desculpe-nos!

       Por fim, quero agradecer a todos os vice-presidentes, diretores, gerentes, funcionários, colaboradores, torcedores, comissão técnica, atletas profissionais e amadores, pais e mães, amigos e amigas que de uma maneira ou de outra contribuem para que juntos possamos levar adiante a tarefa de reerguer o Farroupilha. A tarefa é hercúlea, mas como cada um dia nós sabe a sua missão e a tenta cumprir com honestidade e comprometimento, temos absoluta certeza que seremos capazes de superar todas as dificuldades que estão colocadas e as que virão. Muito obrigado e tenham certeza que desfrutam do meu reconhecimento e admiração.

Reginaldo Bacci

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